terça-feira, 22 de outubro de 2013

Vinho de Supermercado - Gomellano

Gomellano é o gentílico de uma cidadezinha  ao norte de Madrid, na região de Burgos:  Gumiel de Mercado,  onde o vinho foi produzido.  Mais precisamente, ele é produzido com uvas da propriedade denominada  Real Sitio de Ventosilla, que já foi hospedagem dos reis de Espanha e hoje abriga a Vinícola PradoRey, produtora do famoso vinho homônimo. O sitio margeia o rio Duero e está incluído na D.O.C Ribeira del Duero.  Curiosamente, a única informação do contrarrótulo é o nome dessa propriedade e no site da Vinícola não há menção alguma ao vinho. Ele é vendido pelo Carrefour e algumas garrafas foram trazidas para o Brasil há alguns anos.É também vendido pelo Carrefour na Europa, especialmente na Espanha, mas apenas em algumas safras.

Eu comprei uma garrafa em novembro de 2009, do tipo Crianza, safra de 2003, Tempranillo, em uma promoção por R$16 a garrafa. Quando tomei o vinho, fiquei impressionado pela boa qualidade a um preço tão baixo. Fiz uma extensa pesquisa na Web e encontrei o comentário de um blogueiro que também havia comprado no Carrefour e não havia gostado, mas ele havia experimentado um Cosecha. O comentário existe até hoje:  http://vivinhos.blogspot.com.br/2010/07/gomellano-ribera-del-duero-espanha.html . Na Web havai  muito poucas informações sobre o vinho,  e concluí que se tratava de um vinho engarrafado por essa vinícola PradoRey, provavelmente de uma safra ruim, ou de algum vinhedo com videiras mais novas, especialmente para ser vendido no Carrefour. Um filho bastardo, que se esconde até onde possível. Voltei à mesma loja dois ou três meses depois e encontrei mais cinco garrafas, comprei, dei uma para a minha filha  e  guardei as outras, para tomar uma por ano.

Encontrei um comentário sobre o vinho em um site espanhol algum tempo depois. O comentarista comentava sobre vinhos de supermercados – que ele chamou de vinhos com marca “branca” – , dizendo que alguns deles podem ter boa proveniência, e dava 88 pontos a este Gomellano Crianza 2003, em postagem de 15/02/2009 (http://www.verema.com/foros/foro-vino/temas/573761-marcas-blancas-vinos?page=3):

“En la revista Sibaritas, dirigida por José Peñín, suele haber una página muy interesante denominada Los Vinos de Supermercado donde pone nota a una serie de vinos de marca blanca de las grandes superficies y grandes almacenes, mencionando la bodega productora. En lo que se refiere a Carrefour ahí van algunos ejemplos: El citado Valdoscardos es de Bodegas Frutos Villar (cuyos vinos de Toro son los Muruve) y Peñín les da una nota de 86 al tinto 2006 y 88 al crianza 2003. Los Gomellano de Ribera del Duero que se encuentran en sus establecimientos son de las Bodegas Real Sitio de Ventosilla (Prado Rey) con un 88 para su crianza 2003; yo lo he probado y está muy bien.”

Em 2009 eu também daria 88 pontos para este vinho. Nos anos seguintes eu abri uma garrafa a cada ano e o vinho continuou praticamente com a mesma qualidade. Hoje eu abri a última e o resultado foi decepcionante: aroma com pouquíssima intensidade e de baixa qualidade – lembrando um aroma que um amigo define como de “uva cozida”, que já encontrei em vários vinhos, –  halo bastante pronunciado e cor vermelho-atijolada. A entrada de boca lembrava ainda um vinho de boa qualidade, com notas de cereja e uma oxidação ainda prazerosa, mas era logo seguida por um desconforto nas papilas e um amargor acentuado. Depois de aerar por cerca de 30min, só piorou.  A nota hoje seria muito mais baixa, ao redor de 75.  Claramente um vinho que atingiu seu ápice e entrou em decadência. Considerando outras experiências, os vinhos espanhóis do tipo Crianza parecem atingir seu ápice em cerca de sete ou oito anos.





segunda-feira, 7 de outubro de 2013

O vinho do reitor

Os estudantes que ocuparam a reitoria da Unicamp encontraram uma caixa de vinho Coeur de Méditerranée,  um corte das uvas Merlot e Grenache, na sala do reitor, segundo informam. Vejam a notícia em:
http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2013/10/dce-cobra-explicacao-da-unicamp-apos-achar-vinhos-na-sala-do-reitor.html .

Na fachada do prédio da reitoria há um enorme cartaz irônico com os dizeres "Venha conhecer a adega do reitor!!!!, saída do bandejão às 13h30". A caixa foi fotografada e a foto enviada para a imprensa; está também no Facebook, no site "ocupação reitoria 2013". A reitoria teve que se justificar e informou que se trata de uma compra de um grupo de funcionários que iria consumir os vinhos em uma festa a ser realizada fora do campus, mas por motivo de segurança deixaram a caixa guardada na reitoria. Os estudantes invadiram antes do consumo e fizeram a sua  própria festa, com a "adega" de vinhos franceses do reitor.

A justificativa da reitoria parece um tanto esfarrapada, mas é difícil acreditar que o reitor da Unicamp fosse servir esse vinho em alguma recepção oficial ou coisa parecida. Se fosse essa a intenção, teria sido uma péssima escolha. O vinho é bem básico e custa no Brasil entre 30 e 40 reais, na França entre 3 e 4 euros. É um "vin de pays", uma categoria básica inferior à A.O.C. e da região de Languedoc-Roussillon, que não tem tradição de produzir bons vinhos. É quase impossível comprar um vinho Francês razoável por esse preço.

domingo, 4 de agosto de 2013

Cabernet Sauvignon adocicado

Uma amiga minha comentou há algum tempo que gostava de um vinho chamado Altue. Ontem nos encontramos em um jantar e ele me disse que encontrou no Carrefour em São Paulo e comprou duas caixas. Resolvi experimentar. O rótulo indicava ser um Cabernet Sauvignon. Resolvi ver o contrarrótulo e encontrei duas curiosidades (ver a foto).  Primeiro, diz que se trata de um vinho “de assemblagem”, em evidente conflito com a a informação do rótulo de que se trata de um varietal. Tem-se aí um importador que não faz direito seu dever de casa. A segunda informação é que se trata de um “vinho tinto de mesa suave fino”.  A princípio não entendi bem o que significava, pois o termo “vinho fino” é usado no Brasil com a conotação de vinho feito com vitis vinífera e o termo “vinho suave” quando é feito com “vitis americana”.  Em seguida experimentei o vinho e entendi o significado da frase e porque minha amiga gostou do vinho: ele é bem adocicado. Não há informação no contrarrótulo sobre o grau de acuçar no vinho, mas estimo que seja relativamente alto,  em torno de  30 a 40 g/l.  

Mais tarde em casa, procurei pelo vinho na Web. Ele é produzído por uma vinícola no vale central chamada Cremaschi Furlotti. No site da vinícola não aparecem os vinhos da marca Altue e não consegui encontrar sua ficha técnica. A vinícola está localizada no vale de Maule, próxima à cidade de Talca. Nas lojas do Carrefour há outras variedades desse vinho na modalidade “seco” e feito com outras uvas. No aplicativo Vivino, a safra 2012 desse vinho tem pontuação 2.5 (de 1 a 5), que me pareceu muito generosa. Os comentários no Vivino e em blogs são variados. Algumas pessoas dizem que gostaram por ser adocicado (principalmente mulheres), outras dizem  que é ruim, que só serve para fazer sagu, que não serve nem para culinária etc.

É difícil entender porque usar Cabernet Sauvignon para fazer vinho adocicado e ainda mais porque importá-lo para o Brasil.



terça-feira, 23 de julho de 2013

Mouton Cadet Réserve Médoc

Comprei esta garrafa de Mouton Cadet Réserve na loja duty free do aeroporto de Guarulhos. O preço na época foi de 55 reais. Em dólares o valor foi 29. Trata-se de um vinho da AOC Médoc, um  típico corte bordalês: cabernet sauvignon (50%), merlot (45%) e cabernet franc (5%). O teor alcoólico é de 14% e a safra é 2010. O vinho é uma marca criada pelo Barão de Rothshild e tem algumas variações: Graves, Saint-Emillion e Sauternes com preços diferentes, o que pode causar confusão. O tempo de envelhecimento em barríl de carvalho foi de doze meses e estima-se que o tempo de guarda previsto situa-se entre seis a oito anos.

O vinho tem cor rubi intensa  e aroma discreto, com baixa intensidade. Tem sabor de frutas vermelhas e maduras com notas de baunilhas bem integradas. Na boca, mostrou-se um pouco áspero e desequilibrado, com acidez predominando. Corpo médio. No final de boca um pouco de amargor e baixa persistência, de menos de 1 ou 2 segundos. É possível que com mais alguns anos de envelhecimento na garrafa possa mostrar-se melhor, mas no momento, com três anos, é um vinho apenas razoável,  com custo-benefício muito ruim. Minha nota é 83.

domingo, 21 de julho de 2013

Cartas de vinho defeituosas

Já vi muitos restaurantes com cartas de vinho defeituosas e pouco informativas. O mais comum é não constar o ano da safra ou a uva. Recentemente estive em um resort do nordeste brasileiro e encontrei um menu muito mal cuidado, com falhas grotescas, de forma alguma compatível com o nível do estabelecimento.
Notem no exemplo abaixo que os vinhos tintos italianos têm sua origem remetida para os vales do Chile. Além disso, percebam as grafias incorretas das palavras Umbria e Chianti. Eles precisam urgentemente de um bom sommelier, ou pelo menos pedir para algum conhecedor de vinhos revisar a carta.





sábado, 8 de junho de 2013

Norton Malbec DOC

Esta  semana abri um vinho tinto Norton Malbec D.O.C. 2008, que comprei no Extra por 31 reais há mais de um ano. O vinho é produzido em Mendoza, na região de Luján de Cuyo e tem 14°. de álcool. O contrarrótulo escrito em português é vago, pois informa que o vinho passou por  "um estágio de 24 meses em barrica de carvalho e em em garrafa”. Qualquer vinho que tenha passado um dia em uma barrica satisfaz  essa descrição.  A ficha técnica da safra de 2009 no site da empresa informa que ele passa 12 meses em barricas de carvalho francês de primeiro e segundo uso (quantos em cada?) e 12 meses em garrafa antes de ser comercializado.

Esse vinho é um Malbec argentino típico, um estágio acima dos Malbecs mais básicos, com bom custo-benefício, mas sem grandes destaques.  A noite estava fria e deixei o vinho aerar por cerca de 30min na própria garrafa. Não sei se por isso, o aroma estava pouco intenso. O que apareceu no nariz foi baunilha, tostado e ameixa combinados de forma equilibrada. A cor era vermelha com uma pequena tendência para o amarronzado e um halo já era visível na borda do copo.  Corpo médio. 


Algumas descrições deste vinho que encontrei na Web o classificam como macio ou aveludado, mas este não era o caso desta garrafa, que  mostrava na boca um pouco de aspereza ou desequilíbrio em relação à acidez. Deixei ¼ de garrafa guardado para o dia seguinte e provei no almoço. Achei que estava melhor, desaparecendo a aspereza do dia anterior. Minha nota é 83 para o que encontrei ao abri e 84 para o dia seguinte.

domingo, 19 de maio de 2013

Donnafugata



Minha filha esteve na Sicilia, Italia, no ano passado e trouxe uma garrafa do vinho Angheli, da vinícula DonnaFugata, que fica na ponta oeste do triângulo formado pela ilha. Os rótulos dessa vinícola são muito bonitos  e chamativos. Quando estive lá neste início de ano percebi que essa vinicola tem boa presença nas lojas, mercados e restaurantes, com um preço um pouco acima da média,  mas nunca havia experimentado seus vinhos. Esta garrafa que abri é um IGT feito com um corte de Merlot e Nero d´Avola, safra de 2007. Não encontrei o percentual de cada um nem no contrarrótulo nem na ficha técnica encontrada no site da empresa.  Minha suspeita é que o volume de Merlot seja maior.

O vinho passa doze meses em barricas de carvalho francês de segundo uso e atinge um pouco mais de 13%  de álcool. O preço varia em torno de 15 euros e no Vivino a avaliação é 3,5, com apenas doze avaliações.  A cor é de um vermelho intenso, já um pouco escurecido, com discreto halo. O aroma é de baixa para média intensidade e a os aromadas da madeira são muito discretos. Sobressaem-se as frutas no aroma, como a cereja e o alcaçuz. O vinho é macio e tem bom equilíbrio, como é característico da Merlot, sobressaindo-se muito discretamente a acidez. Trata-se de um vinho com corpo médio para encorpado. No conjunto, o sabor de boca é amplo e generoso e no final nota-se um ligeiro amargor e leve adstringência, o que mostra que os taninos ainda estão um pouco verdes ou que talvez precise amadurecer mais. Minha nota é 85 e acho que o custo-benefício a 15 euros é alto.  



domingo, 12 de maio de 2013

Cartuxa Reserva


No ano passado, em viagem de férias a Portugal eu comprei uma garrafa do vinho tinto Cartuxa, na vinícola, em Évora. Era um vinho “reserva”, 2008, 15 meses em barricas novas de carvalho francês, 14,5% de álcool e produzido com uvas típicas do Alentejo: Alicante Bouschet e Aragonez (que é a Tempranillo da Espanha). Os percentuais de cada uva não são informados no rótulo e nem na ficha técnica que se encontra no site da vinícola, a Fundação Eugénio de Almeida, que também produz o famoso Pêra-manca em anos excepcionais. Paguei 18 euros pela garrafa e em outras lojas de Portugal vi que o preço variava de 25 a 30 euros. No Brasil o preço em algumas lojas na web varia de 170 a 180 reais.

A garrafa foi aberta uma hora antes de beber e durante esse tempo foi mantida a 18 °C. Trata-se de um vinho de excelente qualidade. O aroma é intenso e complexo, combinando baunilha, notas de tostado, floral e frutas negras maduras. Na boca mostrou-se encorpado, sedoso e bem equilibrado, com taninos maduros. Mostrou também persistência na boca acima da média após a ingestão. Foi aprovado por todos à mesa, em harmonização com bacalhau. A harmonização funcionou bem, pois o bacalhau não estava muito salgado e atendeu à preferência de uma pessoa de nacionalidade portuguesa que também estava presente. Este é um vinho que pretendo voltar a tomar sempre que  tiver oportunidade. Tenho ainda uma garrafa da versão colheita desse vinho, que  é  um pouco mais simples. Minha nota: 90.

sábado, 4 de maio de 2013

O vinho da copa de 2010


Em fevereiro de 2011 comprei algumas garrafas do vinho do produtor Nederburg que foram vendidas no Brasil em edição comemorativa à Copa do Mundo de Futebol da África do Sul, em 2010 (Limited edition, Twenty10). Trata-se de um varietal Cabernet Sauvignon, safra de 2008, 14% de álcool. O vinho foi vendido por valores entre 25 e 35 reais. Comprei as minhas garrafas por 24,90 em uma oferta e ainda tenho quatro.  Há algumas avaliações dele na Web e no Vivino, onde tem média 3,2. O contrarrótulo informa que o vinho tem potencial para envelhecimento de cinco a sete anos. Vou abrir as garrafas restantes nos próximos anos para avaliar como ele envelhece.

A cor é intensa e já se mostra um pouco mais escura, atijolada, com um leve halo um pouco mais esbranquiçado. No nariz, o aroma é agradável, mas de baixa intensidade. Nota-se um discreto aroma de baunilha  e também de frutas escuras, como ameixa. Na boca, o sabor é agradável sem mostrar amargor ou adstringência. A textura é macia, o corpo é médio e a persistência aromática é de baixa para média (5 a 6 segundos) .O equilíbrio deixou a desejar, com a acidez um pouco acentuada. Separei parte do vinho em ¼ de garrafa, completa até a tampa. Após vinte e quatro horas, o vinho ainda estava com boa qualidade e me pareceu mais equilibrado, perdendo o excesso de acidez. Minha conclusão é que o vinho melhorou desde a a última vez que o tomei em 2012 e  minha nota é 83.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Vinho Chateau de Terrefort-Quancard


Comprei uma garrafa na loja do duty-free the Heathrow, na chegada. Havia poucos vinhos tintos disponíveis na estante e nenhum muito interessante. Estava com alguns colegas e decidimos por um Bordeaux com uma etiqueta dizendo que era recomendado pelo Guide Hachette. O preço era de 9 libras, algo próximo a 30 reais.

O vinho era um Bordeaux Supérieur, do Chateau de Terrefort-Quancard, 2007, com 12.5% de álcool. A composição é 65 de Merlot e 36% de Cabernet Sauvignon, com cor vermelho intensa e apresentava um halo bem perceptível.  O aroma inicial se mostrou complexo e muito agradável, mas com pouca intensidade: aroma de baunilha, adocicado, lembrando frutas vermelhas em compotas e também um leve toque de oxidação ou de azedo, mas agradável. Apresenta um bom equilíbrio entre álcool e acidez, corpo médio e taninos ainda um pouco acentuados. No geral, um vinho pouco mais que razoável. Nota 84.

domingo, 31 de março de 2013

Vendendo gato por lebre ou vinagre por vinho

Minha Família  foi a uma festa de formatura em Vinhedo neste mês de março. Quem chegou cedo no sábado foi almoçar em um restaurante conhecido da cidade. Os proprietários também  produzem vinho na região e vendem no restaurante com o mesmo nome da família.  No final do almoço os garçons ofereceram vinho de safra  recente para degustar, como cortesia, e depois ofereceram para vender.  As mulheres gostaram do vinho adocicado feito com uvas americanas e, entusiasmadas, compraram entre si duas caixas de vinhos variados, mas principalmente de vinhos suaves feitos com uvas americanas.

Neste fim de semana eu vi os vinhos e três deles chamaram minha atenção por serem datados de 2006 e 2007. Ver fotos abaixo. Dois deles são  feitos com vitis americanas e outro com cabernet sauvignon.  Logo disse que um vinho como esse, de baixa qualidade, não deveria estar bom após oito anos engarrafado e armazenado em temperatura ambiente.  Todos ficaram curiosos e resolvemos abrir para conferir. No primeiro, de vitis americana, safra 2006, a cor ainda estava com a tonalidade violácea que caracteriza a uva bordô e apresentava um pequeno halo. O aroma  de uva americana também presente mas com um leve toque de azedo. Na boca, muito azedo e um pouco amargo e oxidado no final. Impossível  beber, era quase vinagre. O cabernet sauvignon 2006 estava com cor vermelho atijolada e halo pronunciado. O aroma inicial era razoavelmente agradável, com leve toque de azedo e oxidação mas depois de quinze minutos piorou muito. Na boca mostrou estar azedo e com amargor mais acentuável no final. Mostrou-se desequilibrado, com o álcool sobressaindo. Estava um pouco melhor que o primeiro vinho, mas para beber só com muita insistência.

Os vendedores perceberam que nenhuma das senhoras entendia de vinhos e ao embrulhar empurraram garrafas  das safras de 2006 e 2007, o que mostra um comportamento desonesto, pois deviam saber que com essa idade esses vinhos deveriam estar impróprios para o consumo. Devem estar acostumados a fazer isto com clientes que estão de passagem pela cidade, pois há muitos turistas eventuais. Aos incautos que passarem por esse restaurante, cuidado ao comprar os vinhos da casa. Os vinhos jovens e suaves, entretanto, são como tantos outros da região e podem ser consumidos por quem aprecia.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Vinho Chinês

Visitei a China em julho de 2012. Tenho um comentário no dia 23/08 sobre um vinho comprado em um supermecado em Guilin que se mostrou impróprio para o consumo. Na volta comprei uma outra garrafa no duty free de Beijing. O preço foi de 44 reais. O rótulo com cartacteres ocidentais identifica que o vinho é da uva Cabertnet Sauvignon e feito em 2008, com 13,5% de álcool, do Domaine Helan Montain. Trata-se de um "special reserve". No contrarrótulo, uma das poucas palavras escritas com caracteres ocidentais identifica o proprietário: Pernauld Ricard.
O aroma e o sabor do vinho mudaram muito em cerca de 30min. A cor era  vermelho-rubi com média intensidades. As lágrimas possuiam intervalos médios (cerca de 1cm) e eram abundantes. O halo já estava bem visível. O aroma inicial tinha média intensidade e era predominante vegetal, pimentão, lembrando alguns vinhos chilenos de qualidade mediana da uva Carmenère. Depois de certa de 20min esse aroma praticamente desapareceu e percebia-se um pouco de tostado, traços de baunilha. Não havia informação em caracteres ocidentais sobre estágio em barril de carvalho. Depois de cerca de 30 a 40min o aroma praticamente desapareu.
No início da degustação, o vinho se mostrou macio, com um sabor adocicado na entrada de boca. Mas no meio de boca já se percebia um pouco de amargor e desequilibrio, com o álcool predominando sobre a acidez. No final de boca um sabor um pouco amargo dos taninos. Esse amargor só se acentuou com o passar do tempo e o adocicado inicial também desapareceu. De um modo geral fiquei com a impressão de que se trata de ser um vinho um pouco melhor do que o tailandês que comentei na semana passada.
Há informações sobre esse  vinho na internet e sobre o "domaine". No Vivino havia cinco escaneamento com média de notas 2.0 (numa escala de  0 a 5). Minha nota para este vinho é 71. A pegunta que fica é se os chineses vão melhorar seu vinho e competeri internacionalmente no futuro. Não dúvido, pois o território é vasto e dentro da zona boa para cultivar vitis vinífera. É só uma questão de tempo para encontrarem bons terroirs e uvas que se adaptem bem.


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Vinho Tailandês


Em julho de 2012 visitei a Tailândia. No último dia antes de retornar passei por um shopping center na cidade de Phuket e comprei uma garrafa de vinho produzido naquele país. Desde que cheguei o vinho ficou armazenado em uma adega climatizada a 14°C. O preço foi equivalente a 40 reais.  As fotos do rótulo estão abaixo. Comprei em uma loja chamada Wine Connection (wineconnection.co.th), que é um Wine Bar e também tem uma loja bem sortida com vinhos de todo o mundo, mas principalmente da França. A vendedora ficou surpresa quando pedi um vinho local e só agora depois de abrir a garrafa é que entendi a surpresa dela. O vinho é distribuído pela própria loja, que tem o nome estampado na rolha. Talvez o proprietário seja o mesmo. Trata-se de um vinho da uva Shiraz , com 13,5% de álcool, safra 2009 e marca Phuket Bay. Traz no rótulo a palavra reserva e no contrarrótulo consta que ficou 18 meses em barril de carvalho Francês.

O vinho tem cor vermelho-rubi e tem ainda alguns traços violáceos. Já é possível ver um pouco de descolorido no halo. As lágrimas são normais, com média espessura e velocidade de descida. O aroma é o mesmo que já senti em alguns outros vinhos de shiraz (ou syrah) de baixa qualidade, mas não consigo caractrizar bem: não é agradável, lembra mofo ou algum produto químico, um pouco enjoativo. O aroma característico do carvalho mal dá para se perceber. Nenhum dos aromas listados no contrarrótulo é perceptível. Na boca, a primeira sensação é que se trata de um vinho um pouco picante, parecendo estar ainda fermentando, isto é, levemente espumante, o que não é típico.  O vinho é desequilibrado, com o álcool predominando e pouca acidez, o corpo é médio e nota-se um pouco de amargor nos taninos. Valeu pela curiosidade e experiêcia de beber um vinho produzido na Ásia, mas não tomaria outro. Nota: 6.9.  
 

 

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Meu primeiro Taurasi


Vinho Taurasi DOCG, Sanpaolo Azienda Agricola, 2005, 13,5. Pelas regras da região demarcada, deve ser envelhecido por três anos, com um mínimo de 12 meses em carvalho. Produzido em Torrioni, próximo ao monte vesúvio, o que caracteriza o solo da região como vulcânico. A região é da uva agliânico e permite até 15% de outras uvas no corte, mas este vinho informa no contrarrótulo que é composto só por agliânico. Não apresenta halo evidente e a cor é vermelha intensa com ligeira tendência para granada. O aroma é complexo, com o carvalho predominando,  mas não de forma exagerada, e também com sugestões de tostado e/ou chocolate, além de frutas vermelha. Apesar de informado pelo produtor, nao percebi bem o aroma de cereja, a não ser de forma muito fugaz  O corpo é médio e o sabor agradável, mas mostra-se ainda um pouco agressivo na boca, talvez precisando de  mais envelhecimento. Paguei por esta garrafa 16 euros em uma loja de Nápoles e havia outras marcas na mesma estante com valores até 35 euros, o que indica que este é um vinho de qualidade média. Comparando-se com os Barolos e Brunellos, não consegui perceber a mesma qualidade, mas é cedo para afirmar alguma coisa: vou ainda experimentar pelo menos mais nesta viagem. Minha nota: 87. 

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Barbera D'Asti - Duchessa Lia


Continuando o périplo das uvas do Piemonte, nas sua versão em vinhos do dia-a-dia, abri uma garrafa de um barbera, 2011, com 13o de álcool, DOCG Barbera D’Asti da vinícola Duchessa Lia. A cor é vermelho rubi, com média intensidade e não apresenta halo. Contrariamente ao rótulo e ao que consta no site da vinícola, o aroma tem intensidade no máximo média, com o nariz praticamente dentro do cálice.  Aroma típico de fruta vermelha. Na boca, o primeiro contato é agradável, mas logo depois o sabor do tanino verde e adstringente se sobressai. Com a refeição melhora bem. O valor de 3,14 euros por meia garrafa é um pouco alto pela qualidade do vinho. Nota: 78.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Toni e a Refosco do Pedunculo Rosso


Eu tenho um amigo, mais amigo de um amigo meu, já com mais de 70 anos. Ele é italiano e mora no Canada, para onde imigrou como jovem adulto. Ele faz vinho em casa, no porão, cerca de mil garrafas por ano, que toma durante o ano e distribui para os familiares. Uma vez por ano ele renova o estoque. Ele esteve no Brasil em novembro e trouxe algumas garrafas. Fizemos uma degustação em minha casa. Ele reclamou que para durar mais de um ano teria que usar rolhas mais caras, mas que o preço é muito alto e não compensa. Ele compra a uva da California, trazidas para o Canada e vendidas em um mercado de Montreal.  O vinho 2012 dele  era uma combinação de Barbera e Cabernet Sauvignon, com cerca de 12o de teor alcoólico. 

O vinho tinha um aroma frutado, mas pouco intenso. O sabor era agradável e levemente adocicado e com baixa acidez. Para ele e a esposa o vinho deve ser assim, fácil de beber, médio teor alcoólico, para ser consumido às refeições.  Durante nossa conversa ele mencionou a uva Refosco dal Peduncolo Rosso, encontrada no vêneto, lombardia e, a leste, na Friuli- Venezia Giulia – onde é mais predominante, como sendo uma uva típica desse tipo de paladar. Eu já havia bebido o vinho dessa uva de uma garrafa ganha de presente de minha irmã em uma viagem para a Itália, da Vinícola Ca`Vescovo, que produz um vinho um pouco mais refinado. Tanto eu como minha esposa gostamos quando abrimos esse vinho. Uma curiosidade, na wikipedia há um verbete sobre essa uva em que é dito que esta uva ou uma variante dela é conhecida desde a antiguidade romana e consta do livro de Plínio, o velho e que um autor recente disse que Lívia, esposa do imperador romano Augustus gostava  do vinho produzido com ela. Isso mostra a maciez e o sabor adocicado que acaba sendo melhor apreciado por mulheres, como a uva primitivo.

Hoje lembrei-me dele e resolvi experimentar um Refosco. Trata-se de um IGT que custou 3,59 euros (cerca de 11 reais) com nome de La Fogliata . Foi engarrafa na Lombardia, comuna de Cermenate, mas a uva vem do vêneto, que em todo caso fila logo ali.  É fechado com screw cap, o que indica que deve ser consumido logo, mas por mais que tenha procurado nos dois rótulos, não encontrei o ano da safra. O a cor do vinho é vermelho rubí, de média intensidade. O aroma tem baixa intensidade e é preciso por o nariz dentro da taça para sentir o aroma um pouco frutado . O sabor é agradável na boca, macio e bom equilíbrio entre álcool e acidez (ambos baixos) . A persistência após a deglutição é de média para alta.

Minha conclusão é que se trata de um vinho para o dia-a-dia, como o próprio preço indica. Pesando-se o preço e a qualidade, pareceu-me uma excelente escolha para o consumidor que quer um vinho de baixo custo para acompanhar as refeições. Minha nota: 83.