Continuando o périplo das uvas do Piemonte, nas sua versão em
vinhos do dia-a-dia, abri uma garrafa de um barbera, 2011, com 13o
de álcool, DOCG Barbera D’Asti da vinícola Duchessa Lia. A cor é vermelho rubi,
com média intensidade e não apresenta halo. Contrariamente ao rótulo e ao que
consta no site da vinícola, o aroma tem intensidade no máximo média, com o
nariz praticamente dentro do cálice. Aroma
típico de fruta vermelha. Na boca, o primeiro contato é agradável, mas logo
depois o sabor do tanino verde e adstringente se sobressai. Com a refeição
melhora bem. O valor de 3,14 euros por meia garrafa é um pouco alto pela qualidade
do vinho. Nota: 78.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
Toni e a Refosco do Pedunculo Rosso
Eu tenho um amigo, mais amigo de um amigo meu, já com mais de
70 anos. Ele é italiano e mora no Canada, para onde imigrou como jovem adulto.
Ele faz vinho em casa, no porão, cerca de mil garrafas por ano, que toma
durante o ano e distribui para os familiares. Uma vez por ano ele renova o
estoque. Ele esteve no Brasil em novembro e trouxe algumas garrafas. Fizemos
uma degustação em minha casa. Ele reclamou que para durar mais de um ano teria
que usar rolhas mais caras, mas que o preço é muito alto e não compensa. Ele
compra a uva da California, trazidas para o Canada e vendidas em um mercado de
Montreal. O vinho 2012 dele era uma combinação de Barbera e Cabernet
Sauvignon, com cerca de 12o de teor alcoólico.
O vinho tinha um aroma frutado, mas pouco intenso. O sabor
era agradável e levemente adocicado e com baixa acidez. Para ele e a esposa o
vinho deve ser assim, fácil de beber, médio teor alcoólico, para ser consumido
às refeições. Durante nossa conversa ele
mencionou a uva Refosco dal Peduncolo Rosso, encontrada no vêneto, lombardia e,
a leste, na Friuli- Venezia Giulia – onde é mais predominante, como sendo uma
uva típica desse tipo de paladar. Eu já havia bebido o vinho dessa uva de uma
garrafa ganha de presente de minha irmã em uma viagem para a Itália, da Vinícola
Ca`Vescovo, que produz um vinho um pouco mais refinado. Tanto eu como minha
esposa gostamos quando abrimos esse vinho. Uma curiosidade, na wikipedia há um
verbete sobre essa uva em que é dito que esta uva ou uma variante dela é
conhecida desde a antiguidade romana e consta do livro de Plínio, o velho e que
um autor recente disse que Lívia, esposa do imperador romano Augustus
gostava do vinho produzido com ela. Isso
mostra a maciez e o sabor adocicado que acaba sendo melhor apreciado por
mulheres, como a uva primitivo.
Hoje lembrei-me dele e resolvi experimentar um Refosco.
Trata-se de um IGT que custou 3,59 euros (cerca de 11 reais) com nome de La
Fogliata . Foi engarrafa na Lombardia, comuna de Cermenate, mas a uva vem do
vêneto, que em todo caso fila logo ali. É fechado com screw cap, o que indica que deve
ser consumido logo, mas por mais que tenha procurado nos dois rótulos, não
encontrei o ano da safra. O a cor do vinho é vermelho rubí, de média intensidade.
O aroma tem baixa intensidade e é preciso por o nariz dentro da taça para
sentir o aroma um pouco frutado . O sabor é agradável na boca, macio e bom
equilíbrio entre álcool e acidez (ambos baixos) . A persistência após a
deglutição é de média para alta.
Minha conclusão é que se trata de um vinho para o dia-a-dia,
como o próprio preço indica. Pesando-se o preço e a qualidade, pareceu-me uma
excelente escolha para o consumidor que quer um vinho de baixo custo para acompanhar
as refeições. Minha nota: 83.
domingo, 27 de janeiro de 2013
Amarone Rocca Alata
Comprei uma garrafa de 375ml de um Amarone dela Valpolicella
2009, Rocca Alata da Cantina Soave, com 14,5o graus Celsius. Esperei por uma hora, conforme recomendação
da vinícola. A cor é de média intensidade, vermelha-rubi mas já mudando para
granada, praticamente sem halo. O aroma é de média intensidade e lembra cereja.
Tem o amargor típico desse vinho, que agrada ao meu paladar. No início de boca
é bem agradável, o amargor excessivo e a adstringência aparecem após a
deglutição. Com comida esse amargor é
diminuído. A textura é macia. É um vinho
encorpado e deve envelhecer bem por vários anos ainda. Trata-se de um bom
Amarone, mas sem ser excepcional. Testei 50ml que ficaram na garrafa fechada apenas
com rolha vinte e quatro horas depois. Piorou muito, ficando mais amargo e com
sensação de oxidação. Em nada lembra o Barolo La Querciola que provei também
depois de 24h. Minha nota 87. No Vivinho tem até hoje1518 digitalizações, que é
uma das maiores que já vi. A nota é 3,8 e está bem posicionado.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
Barolo La Querciola
Hoje comprei um Barolo 2008 em um supermercado
Carrefour. Custo: 15 euros. Nas
proximidades do meu hotel, próximo da estação Lambrate, há três supermercados
com ampla seleção de vinhos. Curiosamente, não encontrei até agora nenhuma loja
de vinhos. No ano passado, em outubro, fiquei alguns dias em um hotel próximo
da Praça d’Italie e no caminho para a estação do metrô que na praça e no
caminho que fazia para ir ao local da conferência que estava atendendo,
encontrei várias lojas de vinhos, algumas pequenas e outras de tamanho médio.
Pelo preço e pelo fato de estar à venda em um supermercado,
intuía que não seria um grande vinho; a intenção era degustar e matar a
curiosidade. O produtor é Sergio Gomba e o vinho é comercializado com o nome de
La Querciola. O rótulo é bem simples. Antes de abrir, uma pesquisa na Web.
Jancis Robinson comenta em um longo artigo de junho de 2011 comenta que a safra
de Barolos de 2008 foi muito boa e que ainda está muito cedo para abrir esses
vinhos. O site de Sergio Gomba mostra uma propriedade maravilha na colina de
Boschetti, com vista direta para a Vila de Barolo, em altitude um pouco mais
elevada. Os rótulos informados no site não mostram este à venda no Carrefour. É
curioso, porque se queria disfarçar a venda para supermercados, por que usar o
próprio nome no rótulo? Mas há alguns poucos comentários na internet sobre este
vinho, mostrando o mesmo rótulo, principalmente de site de buscas, mas sem
comentários. Vivino mostra sete escaneamentos desse vinho na safra 2008, mas
sem nota e sem comentários. Em dois sites de confrarias há boas avaliações da
safra de 2006.
Aberto o vinho,
nota-se a cor vermelho-granada com média intensidade, ligeiramente
atijolada, característica desse vinho com um pequeno halo mais amarelado; a
superfície deixa perceber certa untuosidade. Isso é confirmado pela textura
aveludada na boca. O vinho tem 14.5o de álcool e é encorpado.
Apresenta um bom equilíbrio entre álcool e acidez mas o tanino se sobressai,
apresentando ainda um pouco de amargor e adstringência. O amargor é agradável
ao meu paladar. O tanino dá uma certa potência que pode ser diminuída com mais envelhecimento por alguns anos. O aroma
inicial tem intensidade de baixa para média. Tem o aroma típico de frutas
vermelhas maduras da família das amoras e notas de chocolates. Certamente um
degustador mais sensível encontrará outros aromas. O aroma lembra também os
bons vinhos da Borgonha. No final de boca, a intensidade é alta, durando mais
de 10s.
Depois de 1h30min aberto, repito a degustação. O aroma
apresenta-se mais aberto e agradável, lembrando ainda mais os vinhos da
Borgonha. Na boca está mais redondo. A potência dos taninos, a adstringência e
o amargor ainda são perceptíveis, mas já
mais equilibrados e agradáveis.
Depois de 24h, com a garrafa permanecendo na geladeira do hotel, fechada pela própria rolha e preenchida até a metade. O primeiro gole mostrou-se maravilhoso: um sabor inicial quase adocicado, continua aveludado e o tanino já se sobressai. Tenho dúvidas, mas a acidez agora está faltando um pouco. O aroma ficou menos intenso, mas mudo pouco. Depois de algum tempo aberto, a segunda e a terceira prova começam a evidenciar um pouco de amargor, mas menor que na abertura. Uma grata surpresa!
Conclusão: trata-se de um vinho que requer pelo menos uma a duas horas de aeração e vale o preço, por sua complexidade e diferencial em relação ao seus concorrentes. Certamente não é um “grande” Barolo. Minha nota: 89, talvez 90.
Depois de 24h, com a garrafa permanecendo na geladeira do hotel, fechada pela própria rolha e preenchida até a metade. O primeiro gole mostrou-se maravilhoso: um sabor inicial quase adocicado, continua aveludado e o tanino já se sobressai. Tenho dúvidas, mas a acidez agora está faltando um pouco. O aroma ficou menos intenso, mas mudo pouco. Depois de algum tempo aberto, a segunda e a terceira prova começam a evidenciar um pouco de amargor, mas menor que na abertura. Uma grata surpresa!
Conclusão: trata-se de um vinho que requer pelo menos uma a duas horas de aeração e vale o preço, por sua complexidade e diferencial em relação ao seus concorrentes. Certamente não é um “grande” Barolo. Minha nota: 89, talvez 90.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
Valpolicella ripasso
Estou em Milão. Passei por um supermercado grande com uma
boa seleção de vinhos e comprei um valpolicella repasso para experimentar esse
tipo de vinho feito com um processo especial de refermentação. O vinho se chama Villa Borguetti, 2010, da vinícola
Pasqua e tem 13,5o de álcool. As uvas não informadas na garrafa mas
pelo google é fácil descobrir que é um corte de corvina e molinara, as mesmas
do valpolicella, mas com a rondinella substituída por duas outras uvas que nunca
tinha ouvido falar: corvinone e negrara. O valor foi 9.90 euros, o que é um
preço acima da médias dos vinhos mais comuns. O vinho tem corpo médio para
alto. Passa doze meses em carvalho, mas o aroma típico de baunilha praticamente
não aparece, apenas um pouco do tostado. O aroma é de média intensidade. Ao
entrar na boca mostra-se muito agradável, com um sabor intenso e ligeiramente
amargo, mas um amargo saboroso, como o do Amarone. É um vinho macio, mas não
perfeitamente equilibrado, mostrando-se um pouco alcoólico. Gostei do vinho. Talvez um pouco mais de envelhecimento poderia ser benéfico.
domingo, 13 de janeiro de 2013
Don Manuel
O Peru não tem expressão em matéria de vinhos, mas possui
algumas vinícolas. As principais ficam no vale de Ica, que se assemelha a um oásis
no meio de um deserto, a certa de 400m de altura, 50km da costa e 300km de
Lima. É a ponta norte do deserto de Atacama. Uma das vinícolas de Ica é a Tacama. Estive no
Peru no ano passado e comprei algumas garrafas de vinho. Uma delas foi do vinho
Don Manuel, Tannat, 2009, com 14,5º de álcool, com preço de 47 reais. O vinho
fica doze meses em barrica de carvalho francês.
Abri a garrafa nesta semana. O vinho tem cor rubi intensa e o aroma é
bom. Percebe-se o aroma de baunilha e tostado do carvalho, mas de forma
discreta e combinada com outros aromas de frutas vermelhas e escuras. Notava-se
os taninos um pouco fortes e com ligeiro amargor. Ligeira predominância do
álcool sobre a acidez. Talvez seja um vinho que melhore um pouco se envelhecer
mais alguns anos na garrafa. Nota: 81
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