quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Barolo La Querciola


Hoje comprei um Barolo 2008 em um supermercado Carrefour.  Custo: 15 euros. Nas proximidades do meu hotel, próximo da estação Lambrate, há três supermercados com ampla seleção de vinhos. Curiosamente, não encontrei até agora nenhuma loja de vinhos. No ano passado, em outubro, fiquei alguns dias em um hotel próximo da Praça d’Italie e no caminho para a estação do metrô que na praça e no caminho que fazia para ir ao local da conferência que estava atendendo, encontrei várias lojas de vinhos, algumas pequenas e outras de tamanho médio.

Pelo preço e pelo fato de estar à venda em um supermercado, intuía que não seria um grande vinho; a intenção era degustar e matar a curiosidade. O produtor é Sergio Gomba e o vinho é comercializado com o nome de La Querciola. O rótulo é bem simples. Antes de abrir, uma pesquisa na Web. Jancis Robinson comenta em um longo artigo de junho de 2011 comenta que a safra de Barolos de 2008 foi muito boa e que ainda está muito cedo para abrir esses vinhos. O site de Sergio Gomba mostra uma propriedade maravilha na colina de Boschetti, com vista direta para a Vila de Barolo, em altitude um pouco mais elevada. Os rótulos informados no site não mostram este à venda no Carrefour. É curioso, porque se queria disfarçar a venda para supermercados, por que usar o próprio nome no rótulo? Mas há alguns poucos comentários na internet sobre este vinho, mostrando o mesmo rótulo, principalmente de site de buscas, mas sem comentários. Vivino mostra sete escaneamentos desse vinho na safra 2008, mas sem nota e sem comentários. Em dois sites de confrarias há boas avaliações da safra de 2006.

Aberto o vinho,  nota-se a cor vermelho-granada com média intensidade, ligeiramente atijolada, característica desse vinho com um pequeno halo mais amarelado; a superfície deixa perceber certa untuosidade. Isso é confirmado pela textura aveludada na boca. O vinho tem 14.5o de álcool e é encorpado. Apresenta um bom equilíbrio entre álcool e acidez mas o tanino se sobressai, apresentando ainda um pouco de amargor e adstringência. O amargor é agradável ao meu paladar. O tanino dá uma certa potência que pode ser diminuída com mais  envelhecimento por alguns anos. O aroma inicial tem intensidade de baixa para média. Tem o aroma típico de frutas vermelhas maduras da família das amoras e notas de chocolates. Certamente um degustador mais sensível encontrará outros aromas. O aroma lembra também os bons vinhos da Borgonha. No final de boca, a intensidade é alta, durando mais de 10s.

Depois de 1h30min aberto, repito a degustação. O aroma apresenta-se mais aberto e agradável, lembrando ainda mais os vinhos da Borgonha. Na boca está mais redondo. A potência dos taninos, a adstringência e o amargor ainda  são perceptíveis, mas já mais equilibrados e agradáveis.

Depois de 24h, com a garrafa permanecendo na geladeira do hotel, fechada pela própria rolha e preenchida até a metade. O primeiro gole mostrou-se maravilhoso: um sabor inicial quase adocicado, continua aveludado e o tanino já se sobressai. Tenho dúvidas, mas a acidez agora está faltando um pouco. O aroma ficou menos intenso, mas mudo pouco. Depois de algum tempo aberto, a segunda e a terceira prova começam a evidenciar um pouco de amargor, mas menor que na abertura. Uma grata surpresa!

Conclusão: trata-se de um vinho que requer pelo menos uma a duas horas de aeração e vale o preço, por sua complexidade e diferencial  em relação ao seus concorrentes. Certamente não é um “grande” Barolo. Minha nota: 89, talvez 90.

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