Recentemente jantei um restaurante instalado na
parte mais alta do morro da vila de Chénas, na França: Les Hauts de Chènas.
Essa vila fica encostada na DOC de Beaujolais, pouco abaixo da cidade de Mâcon,
mas tem sua própria designação de origem: Appellation Chénas Crontolée. Cheguei
ao restaurante quase que por acaso: uma reserva de um hotel rural na região e
depois uma recomendação do dono do hotel. A proprietária é uma senhora,
Nathalie, que também aluga quartos e é a responsável pelas uvas e pelo vinho
produzido pela família há pelo menos um século.
No restaurante ela vende e serve os vinhos da
família, Domaine des Brureaux, que são feitos com a uva gamay, no “estilo” de
Beaujolais. Como mostrei dúvida sobre qual tinto escolher, ela trouxe à mesa
cinco garrafas com três cuvées diferentes. Explicou que um deles era feito com
uvas de videiras de 90 anos, outro com videiras de 50 e o terceiro de 15. O
quarto era um corte dos outros três e o quinto era outra safra de um deles.
Comecei a degustação pelo mais novo, que me pareceu
aguado. O vinho de 50 e o corte também não agradaram muito. O de 90 foi uma
agradável surpresa, pois era medianamente encorpado, a cor vermelho-granada com
média intensidade. O aroma frutado, de cereja, mas sobressaindo-se mais o aroma
deixado pela passagem do vinho em madeira: baunilha e tostado. Na boca
mostrou-se macio e bem equilibrado. Como o rótulo não informava, perguntei se o
vinho havia estagiado em barril e ela confirmou que estagiou 18 meses. A carta
de vinho informava que ele tem potencial de envelhecimento de 3 a 8 anos.
Pedi um prato de coq au vin que combinou bem com. No final do jantar o aroma mudou
sensivelmente, diminuindo o tostado e a baunilha relacionados ao barril de
carvalho e ficou mais intenso o aroma de frutas vermelhas maduras, na linha da
cereja. O preço da garrafa era de 19 euros (12 para levar). Foi uma boa
escolha. Duas fotos abaixo mostram o rótulo do vinho.