segunda-feira, 4 de junho de 2012

A primeira garrafa devolvida nunca se esquece

Há poucos dias estive em um hotel do tipo resort na região de Campinas, para uma reunião de trabalho. O hotel é muito luxuoso e as diárias são caras. O hotel mantém uma boa carta de vinhos e, como tudomais, cobra caro por eles, algo entre 2,5 a 3 vezes o preço normal de loja ou do importador. No segundo dia foi servido um jantar para os presentes e no fim eu e alguns colegas ficamos conversando e, como sempre nessas ocasiões, resolvemos experimentar alguns vinhos. Isso levou a  uma análise detalhada da carta de vinhos para tentar encontrar vinhos com um bom custo-benefício. O primeiro vinho tomado foi uma argentino básico da Rutini. O segundo foi um espanhol, que a dizia ser de Castilla y León e que na realidade era de Rioja. No processo de escolha desses vinhos, pedimos alguns que não estavam disponíveis e outros que só estavam em safra mais recentes.

Conosco estava um colega alemão, que queria experimentar um vinho Brasileiro. Pedimos um vinho com valor de cerca de 70 reais de vinícola conhecida de Bento Gonçalves safra de 2008 ou 2009. Eu fiz a prova e ao colocar na boca percebi que o saber estava estranho, com gosto oxidado. Depois analisei melhor a cor e vi que estava mais escura que o normal, pendendo para um marrom escuro. Percebi logo em seguida o cheiro de vermute. Passei o copo para o alemão, que também provou e não gostou. Ele olhou a rolha e vimos que o vinho havia se infiltrado uns 0.8 mm nela. Ela era composta de aglomerado de cortiça e um disco de cortiça integral com 0.5mm de altura na ponta que ficava dentro da garrafa. Resolvemos então devolver a garrafa.

O garçom era bem jovem e ficou atrapalhado, sem entender o que estava acontecendo. Nós explicamos para ele que o vinho estava com defeito e que não iríamos consumi-lo. Ele retornou com a garrafa e vimos que falou com outros colegas e eles todos cheiraram e provaram o fim. Depois de algum tempo eles chegaram à conclusão que estávamos certo e o jovem voltou par anos oferecer outra garrafa. Eu fiz um curso sobre vinhos recentemente e havia tido lições teóricas sobre os tipos de defeitos dos vinhos, mas nunca havia me deparado com uma garrafa defeituosa em um estabelecimento de consumo e naquele hotel luxuoso, foi preciso muita convicção para devolver o vinho. Não sei a razão do defeito, se causado pela rolha ou por má conservação.  Mas saí com a impressão de que o hotel deveria cuidar e manter melhor sua carta de vinhos, considerando o nível de seus clientes e os preços cobrados.

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