domingo, 31 de março de 2013

Vendendo gato por lebre ou vinagre por vinho

Minha Família  foi a uma festa de formatura em Vinhedo neste mês de março. Quem chegou cedo no sábado foi almoçar em um restaurante conhecido da cidade. Os proprietários também  produzem vinho na região e vendem no restaurante com o mesmo nome da família.  No final do almoço os garçons ofereceram vinho de safra  recente para degustar, como cortesia, e depois ofereceram para vender.  As mulheres gostaram do vinho adocicado feito com uvas americanas e, entusiasmadas, compraram entre si duas caixas de vinhos variados, mas principalmente de vinhos suaves feitos com uvas americanas.

Neste fim de semana eu vi os vinhos e três deles chamaram minha atenção por serem datados de 2006 e 2007. Ver fotos abaixo. Dois deles são  feitos com vitis americanas e outro com cabernet sauvignon.  Logo disse que um vinho como esse, de baixa qualidade, não deveria estar bom após oito anos engarrafado e armazenado em temperatura ambiente.  Todos ficaram curiosos e resolvemos abrir para conferir. No primeiro, de vitis americana, safra 2006, a cor ainda estava com a tonalidade violácea que caracteriza a uva bordô e apresentava um pequeno halo. O aroma  de uva americana também presente mas com um leve toque de azedo. Na boca, muito azedo e um pouco amargo e oxidado no final. Impossível  beber, era quase vinagre. O cabernet sauvignon 2006 estava com cor vermelho atijolada e halo pronunciado. O aroma inicial era razoavelmente agradável, com leve toque de azedo e oxidação mas depois de quinze minutos piorou muito. Na boca mostrou estar azedo e com amargor mais acentuável no final. Mostrou-se desequilibrado, com o álcool sobressaindo. Estava um pouco melhor que o primeiro vinho, mas para beber só com muita insistência.

Os vendedores perceberam que nenhuma das senhoras entendia de vinhos e ao embrulhar empurraram garrafas  das safras de 2006 e 2007, o que mostra um comportamento desonesto, pois deviam saber que com essa idade esses vinhos deveriam estar impróprios para o consumo. Devem estar acostumados a fazer isto com clientes que estão de passagem pela cidade, pois há muitos turistas eventuais. Aos incautos que passarem por esse restaurante, cuidado ao comprar os vinhos da casa. Os vinhos jovens e suaves, entretanto, são como tantos outros da região e podem ser consumidos por quem aprecia.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Vinho Chinês

Visitei a China em julho de 2012. Tenho um comentário no dia 23/08 sobre um vinho comprado em um supermecado em Guilin que se mostrou impróprio para o consumo. Na volta comprei uma outra garrafa no duty free de Beijing. O preço foi de 44 reais. O rótulo com cartacteres ocidentais identifica que o vinho é da uva Cabertnet Sauvignon e feito em 2008, com 13,5% de álcool, do Domaine Helan Montain. Trata-se de um "special reserve". No contrarrótulo, uma das poucas palavras escritas com caracteres ocidentais identifica o proprietário: Pernauld Ricard.
O aroma e o sabor do vinho mudaram muito em cerca de 30min. A cor era  vermelho-rubi com média intensidades. As lágrimas possuiam intervalos médios (cerca de 1cm) e eram abundantes. O halo já estava bem visível. O aroma inicial tinha média intensidade e era predominante vegetal, pimentão, lembrando alguns vinhos chilenos de qualidade mediana da uva Carmenère. Depois de certa de 20min esse aroma praticamente desapareceu e percebia-se um pouco de tostado, traços de baunilha. Não havia informação em caracteres ocidentais sobre estágio em barril de carvalho. Depois de cerca de 30 a 40min o aroma praticamente desapareu.
No início da degustação, o vinho se mostrou macio, com um sabor adocicado na entrada de boca. Mas no meio de boca já se percebia um pouco de amargor e desequilibrio, com o álcool predominando sobre a acidez. No final de boca um sabor um pouco amargo dos taninos. Esse amargor só se acentuou com o passar do tempo e o adocicado inicial também desapareceu. De um modo geral fiquei com a impressão de que se trata de ser um vinho um pouco melhor do que o tailandês que comentei na semana passada.
Há informações sobre esse  vinho na internet e sobre o "domaine". No Vivino havia cinco escaneamento com média de notas 2.0 (numa escala de  0 a 5). Minha nota para este vinho é 71. A pegunta que fica é se os chineses vão melhorar seu vinho e competeri internacionalmente no futuro. Não dúvido, pois o território é vasto e dentro da zona boa para cultivar vitis vinífera. É só uma questão de tempo para encontrarem bons terroirs e uvas que se adaptem bem.